Atos Mortos

by Parafuso Silvestre

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1.
Falar Pra Quê Falar pra quê? Toda palavra é um descaminho Cada frase um labirinto repleto De atos mortos Como línguas com cãibra Oscilando após A epilepsia da incoerência A gente quer se desentender Pro sentimento falar mais alto A gente quer desconversar Pra perder o medo do salto Falar pra quê? Falar pra quê? A gente nunca perde o estranho hábito De usar mais palavras Pra tentar resolver Os problemas que só as palavras causam A gente quer se desentender Pro sentimento falar mais alto A gente quer desconversar Pra perder o medo do salto Falar pra quê? Falar não leva a nada Falar é estar de férias Numa casa abandonada
2.
Terno Com Ninguém Dentro Eu queria ser ator Mas o ato se atrasou E agora levo uma vida de farsante Farto de infartar O relógio me domou E está sempre a me roubar o instante Eu sou um impostor Num mundo de isopor O que se há de supor Eu sou um impostor Nesse imenso labirinto de escritórios Em algum lugar eu sei Que há uma gaveta Perdida e esquecida Dentro da qual existe Um emaranhado de objetos Velhos, belos, sujos e obsoletos Que juntos contém mais vida Do que tudo mais que os rodeia Inclusive eu e você Senhor Terno com ninguém dentro Tentei fugir, tentei sumir Tentei escapar pela válvula de escape Eu tentei fugir pelo cano de escapamento Tudo que encontrei Foi um bode expiatório A pior dor é a que se sofre pra dentro A pior dor é a que se sofre pra dentro Eu fui trabalhar um dia Não via que estava morto Vendendo meus sonhos Pra comprar conforto Eu fui trabalhar um dia Não via que estava morto Vendendo meus sonhos Pra comprar conforto
3.
Nem Sempre 06:57
Nem Sempre Eu fingi não pertencer a uma nação de palhaços Mas a sombra é um fantasma e corre sempre atrás de mim Corrompendo um país submerso em sua própria ruína Alguém lucra com a falta e a falta determina a guerra Eu vejo essas pessoas Eu sei, eu vi, eu vi tudo É falta de educação educar o povo com a televisão Urdindo falsas tramas, planta a ocasião Que faz, que faz o ladrão Eu vejo essas pessoas Nem sempre os dias são claros, nem sempre o medo vem no escuro Tem dias que amar é guerra, tem dias que amar é seguro Quando vierem os tiros pra rasgarem-lhe o amor Todo dia o sol nasce pra todo dia se pôr Quando se perde o equilíbrio E um lado começa a pesar Sorva a leveza do outro lado E leve o peso a pensar Toda mentira que se conta numa vida Se resume a uma só Essas mentiras são as nossas vidas e elas se resumem a pó Eu tento dizer não Num país onde todo mundo é ladrão E é difícil ter fé na invalidez Quando vileza é cálculo e todo dia um espetáculo Onde os heróis são os otários da vez Eu vejo essas pessoas Nem sempre os dias são claros, nem sempre o medo vem no escuro Tem dias que amar é guerra, tem dias que amar é seguro Quando vierem os tiros pra rasgarem-lhe o amor Todo dia o sol nasce pra todo dia se pôr Então é hora de rasgar amarras Entender que as vidas são suas Que quando os heróis se atrasam É porque vocês ainda não tomaram as ruas

about

O segundo EP da Parafuso Silvestre: Atos Mortos, dá continuidade à saga iniciada no EP anterior. Este capítulo descreve a desilusão do personagem com a realidade. Temas atuais como crise de identidade, problemas de comunicação e conflito social são abordados também como dilemas do personagem. Atos Mortos apresenta uma sonoridade mais agressiva, sem perder a densidade atmosférica característica da banda. As três faixas mesclam experimentalismo e colagem de referências nos timbres e arranjos, e são fruto da vontade da Parafuso de consolidar um estilo musical e narrativo, que perpassa a variedade de ritmos, samples e misturas incomuns. A promessa aos ouvintes é que Atos Mortos é a garantia de uma realidade paralela - talvez não tão paralela assim - que cative exploradores e ofereça uma vastidão suficiente para embrenhar-se.

credits

released June 1, 2018

Ficha Técnica:

Produzido por Parafuso Silvestre

Captado no Valve State Studio por Beto Fonseca e Júlio Lemos, e no Bunker do JZ por JZ Produções e Parafuso Silvestre.

Editado por: Beto Fonseca em Valvestate Studio

Mixado e Masterizado por Júlio Lemos em Valvestate Studios

Programação de samples e instrumentos virtuais por Parafuso Silvestre e Beto Fonseca

Parafusos: Bruno Arceno, Juarez Mendonça Jr., Julio Victor, Taro Löcherbach

Arte Gráfica por Laser Demon no Sunburst studios

license

all rights reserved

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about

Parafuso Silvestre SC, Brazil

A Parafuso Silvestre é uma banda catarinense de rock alternativo com influências do pop e trilhas sonoras.

* Taro Löcherbach (voz e guitarra)

*Julio Victor (guitarra e baixo)

* Bruno Arceno (guitarra e baixo)

* Juarez Mendonça Júnior (bateria, synths e samples)
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